Dia 1 - Marina de Oeiras – Tróia,
por Eduardo Faria
Pois é, mascarados de marinheiros foi o traje que um grupo de associados decidiu envergar para demandar Tróia na companhia de 35 outros veleiros, conferindo a este renovado complexo turístico um colorido e um movimento digno de registo, tendo o S. Pedro (qual santo protector) colaborado de uma forma verdadeiramente infatigável ao longo destes quatro dias. Depois de tanta chuva este inverno já merecíamos uns dias assim…
Na manhã de sábado, 21 de Fevereiro, pelas seis e trinta da matina os primeiros veleiros da frota da ANC começaram a sair a Barra do Tejo, acompanhados por uma ligeira neblina e por um vento moderado que não estava nas previsões, que apontavam para vento muito fraco.
O skipper do WILMA, de seu nome Eduardo Gonçalves, na noite anterior ao jantar tinha atribuído uma tarefa de suma responsabilidade ao imediato Eduardo Faria: desse por onde desse tinha que arranjar pão quente, entre os quais uns quantos croissants, para o pequeno-almoço, suficiente para alimentar sete bocas, tantas quantas as bocas do WILMA e do JAD juntos, nosso vizinho na marina de Oeiras.(clique Leia mais ... para ver o artigo completo)
Assim foi: às sete e quinze da manhã, depois de muito porfiar, o Eduardo Faria lá conseguiu desenrascar-se da espinhosa que lhe tinha sido atribuída e deu-se início a um robusto pequeno-almoço, digno dos grandes momentos, com os pãezinhos a estalarem. Só que a encomenda pecou por defeito: era mais a fome, ou antes a vontade de comer, do que os pães encomendados …
Pelas oito da manhã, o WILMA pôs-se a milhas, que é como quem diz saiu da marina, com uma tripulação que para além dos ditos Eduardo Gonçalves e Eduardo Faria, contava também com a Zita Gonçalves, responsável pelo emérito pelouro gastronómico, que tantos e tão bons momentos ao longo dos anos tem a proporcionado a todos a bordo.
Mas o que é isto? De repente, o JAD, sem nos dar qualquer cavaco, começa a afastar-se. Picados por semelhante provocação a tripulação do WILMA encheu-se de brios e solta os cavalos, que é como quem diz os nós, e eis que, paulatinamente, com a ajuda do vento, começa a ganhar vantagem ao JAD. Estávamos vingados. Que pica …
Foi assim até ao Espichel: ventos de 15 a 18 nós e uma velocidade de cerca de 7 nós com o JAD a perder de vista. É nestes momentos que o WILMA mostra de tudo quanto é capaz e enche de alegria todos quantos têm o privilégio de subir a bordo.
Com o cabo Espichel a aproximar-se foi combinada a táctica: prolongar o bordo até termos Sesimbra de través de forma a fazermos uma aproximação à vela. Demos barraca, uma vez que logo a seguir ao cabo o vento caiu e não houve outra maneira senão ligar o motor dai para frente. Entretanto, o JAD cortou a direito e passou-nos à frente. Mas só porque ligou o motor mais cedo. Batota … Mas no Carnaval ninguém leva a mal.
Ao largo de Sesimbra, já cerca do meio e meia dia, o vento caiu completamente e o mar apresentava-se estanhado. Não fora a temperatura da água e estavam reunidos todos os ingredientes para um belo banho. Sim, porque 13º de temperatura da água do mar desencoraja qualquer um… Principalmente quem só gosta de tomar banho a 26º (Não é assim senhor skipper?) …
Mas eis que o diligente skipper Eduardo Gonçalves, qual pescador de mar alto, resolve tirar partido da situação: “É isso mesmo, isto está bom para a pesca de lula”. Dito e feito: de repente aparece no convés uma cana de pesca com um isco muito vistoso, de plástico a imitar uma lula, adquirido em Marrocos, no (recente) Cruzeiro à Macaronésia. Parece que havia mais de mil milhas que o dito isco tinha sido comprado, mas de lulas nada …
Será que era desta? Entretanto o departamento gastronómico, o que será dizer a Zita Gonçalves, presenteou os tripulantes com uma feijoada merecedora de todos os encómios, com o WILMA a pairar ao largo, pouco depois de Sesimbra. Eram, entretanto, duas da tarde e o calor fazia-se sentir. Quem diria que estávamos em pleno inverno, no mês de Fevereiro, no ano da graça de Deus de 2009?
Só que de lulas nada. E eis-nos chegados ao canal de acesso à foz do Rio Sado em fila indiana com mais outros dois barcos. O Match Point, com o associado Manuel Meneses e esposa a bordo, e o Tranquilidade (que nome mais apropriado para o barco do treinador do Sporting, Paulo Bento….).
Era chegada a hora de retirar a cana de pesca porque se aproximava a hora da chegada a Tróia. Surpresa: o tão afamado e celebrado isco comprado em Marrocos tinha desaparecido. Em vez de servir para apanhar lulas tinha sido apanhado pelas lulas. Isto há coisas que não lembram o diabo. Ou será que o nosso pescador ainda tem rodar mais umas quantas milhas para poder cumprir o seu destino de se tornar um afamado pescador de lulas? Mas o potencial está lá sem dúvida. O homem faz-se, é só uma questão de tempo, de isco e de lulas…
São 17H00 e eis-nos chegados à boca da marina de Tróia que parece, e é, bem estreita. Mas que ao longe parece ainda mais estreita. O skipper estava, por isso, incrédulo. Será esta a entrada para a marina? Ó Faria (que estava ao leme) você tem a certeza que esta é a entrada? Sim, é. Mais sossegado, mas pouco convencido, lá entramos na marina onde já tinha atracado uma boa parte da frota da ANC, entre os quais o TRINITY do Santana que ficou atracado a dois passos do WILMA. Grande camarada e bom companheiro de viagem e de histórias que com a esposa Paula são excelentes convivas e cuja companhia dispõe sempre bem.
Cumpridas as formalidades habituais junto da recepção da marina e trocados os cumprimentos, larguras e alturas, junto dos habituais amigos e velejadores que costumam participar nestas coisas demos conta de que o director da marina é um velho conhecido, embora ainda jovem em idade, de seu nome Tiago Marcelino, das competições de vela, tanto em Optimist, como em Laser. Uma boa surpresa que evitou que tivéssemos que pagar as cauções para que nos fossem fornecidos os cartões de acesso à marina.
Noite dentro chegaram para integrar a tripulação o Miguel Oliveira e a Paula, o Sérgio e a Ana Freire idos de Lisboa de carro que, carregados de coisas boas, encheram a despensa do WILMA. Gastronomicamente a coisa prometia…
Uma novidade de grande significado: a família APM10 vai crescer. O Sérgio e Ana Freire estão a espera visita da cegonha. As coisas que a gente sabe nestes passeios … Tudo de bom para eles e para o/a descendente é o nosso desejo.
Entretanto, o Joaquim Achando, a mais “recente aquisição” da APM10 telefonou a dizer que se juntava a nós no Domingo ao final do dia. Óptimo … só havia que resolver o problema do alojamento. Mas até lá havia muito tempo…
A noite acabou com um breve passeio pelo núcleo central do Tróia Resort que está radicalmente diferente, proporcionado todas as condições para uma estadia reconfortante e agradável, num cenário quase idílico. E o futuro deste empreendimento apresenta-se ainda mais promissor, uma vez que estão em fase de conclusão um conjunto de infraestruturas, desde um casino que integra um hotel de luxo, um centro de conferências e um conjunto de moradias ao melhor nível internacional. Podemos dizer que Tróia ressuscitou das cinzas e da degradação a que vínhamos assistindo nos últimos anos.